A Fundação


A História da Nossa “CASA”

bandeira nacional e cruz verdeAssociação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real – CRUZ VERDE

Quando Avelino Patena, em 10 de Maio de 1890, participou na reunião que criou uma Comissão Iniciadora da Organização de um Corpo de Bombeiros Voluntários viu cumprido o primeiro objectivo de levar por diante um sonho. Em 1 de Dezembro de 1890 viu concretizado esse sonho com a aprovação dos estatutos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real.

No primeiro dia de Janeiro de 1891, os Bombeiros Voluntários de Vila Real apresentaram-se a toda a cidade e, a partir desse momento, ininterruptamente durante 125 anos, honram os seus fundadores com a sua acção em prol da população, seguem os mesmos ideais, lutam e são determinados por manter vivo o sonho dos seus fundadores e também o de todos quantos serviram esta Associação.

Nos 125 anos de vidas vividas na “nossa Casa”, para a nossa Casa, para o serviço e socorro de toda a população incluem-se os Fundadores, tantos e tantos Bombeiros, famílias de Bombeiros, Comandantes, Directores, Sócios, Beneméritos, Amigos, toda a cidade, o concelho, o distrito, o país.

A Associação fez-se de gente valorosa, determinada, ousada, sonhadora e é nessa nossa gente e com esses valores que todos, ao longo dos tempos, procuramos prosseguir…

Este pequeno apontamento da “História da Nossa CASA” tem por objectivo dar a conhecer a “CASA” e a “Família Cruz Verde”.

Apresentamos aqui a História da Associação dos Bombeiros Voluntários de Vila Real ou Vilarealenses, como era denominada a Associação nos Estatutos, se recuarmos até à Fundação. Foram apelidados de “Voluntários”, também “Bombeiros de Cima” e nas últimas décadas “Bombeiros da Cruz Verde”.

Para muitos dos directores, bombeiros, famílias, sócios a Associação é conhecida e tratada simplesmente pela CASA, pela nossa CASA.

Este é um sentimento que vem de longa data, desde o tempo da fundação e em que o Quartel era a própria casa de Directores e Comandantes. A CASA marcou muitas gerações, todos sentiam a Associação como a sua casa e que todos faziam parte desta família dos Bombeiros Voluntários, desta família que hoje designamos “Cruz Verde”.

Com efeito a CASA era um local de encontro diário de toda a família “Cruz Verde”. Era um local de encontro diário de muitos bombeiros, sócios e suas famílias. Os tempos livres, os momentos de tertúlia, de reuniões, de acções de caridade, o apoio à saúde, o convívio, a cultura, a educação, a formação eram momentos privilegiados na CASA.

A CASA era para muitos a primeira casa, era a que lhe dava a formação, a educação, o desporto, conforto, auxílio médico, auxílio económico, era também quem alegrava os dias tristes de pobreza e de dificuldades com a realização de teatros, os famosos Bailes do Carolina, a projecção de filmes.

A CASA é hoje um local que queremos que todos sintam como sua, que todos defendam e de que sintam orgulho em pertencer, honrando o seu passado e dignificando o presente.

A Fundação


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Consta, em actas da Câmara Municipal, que em 1856 foi criada uma associação de cidadãos para acudir aos incêndios. Já em 29 de Junho de 1864 foi aprovado um regulamento que transforma essa associação de cidadãos na “Companhia de Bombeiros Municipais”.

Em 27 de Março de 1890, o Presidente da Câmara Municipal, Avelino Patena, propunha a demissão de vários bombeiros municipais dado que era lastimável o estado em que se encontrava o pessoal de bombeiros municipais, visto que a maior parte das vezes deixavam de comparecer às intimações feitas pelo seu Comandante.

Em 10 de Maio de 1890, perante esta realidade e com o alto patrocínio de Avelino Patena reúne uma Comissão Iniciadora de um Corpo de Bombeiros Voluntários.

Em 15 de Maio de 1890 é nomeado o primeiro Corpo de Bombeiros Voluntários. O primeiro comandante foi Avelino Patena, o 2º Comandante foi o Engenheiro António Gomes Névoa e o Ajudante foi o professor Jayme Coelho.

A pedido dos Bombeiros Voluntários a Câmara Municipal deliberou emprestar-lhes a 1ª bomba dos “municipais”.

Em 1 de Dezembro de 1890, foram aprovados os Estatutos, em Assembleia Geral, tendo sido assinados pelos seus fundadores.

Ainda em Janeiro de 1891 a Câmara Municipal extingue o serviço municipal de incêndios.

Os Estatutos da Fundação

Livro de Actas das Sessões do Corpo de Bombeiros Voluntários
Acta nº1

“Aos dez dias do mês de Maio de 1890 achando-se reunidos na sala provisória das sessões os indivíduos que constituem a comissão iniciadora da organização de um corpo de Bombeiros Voluntários, a qual é composta do Snr. António Gomes Névoa, Presidente; Jayme de Jesus Coelho, secretário; António das Dores Beltrão, Domingos José Ferreira de Macedo, Guilhermino Vieira da Silva, António Romoalde, Narciso Alves Ribeiro Machado e Manuel José de Moraes vogaes, achando-se também presentes outros indivíduos; o Snr. Presidente abriu a sessão e apresentou os estatutos, por elle elaborados, para o futuro corpo de Bombeiros Voluntários, os quaes depois de lidos pelo Secretário foram plenamente approvados, sendo em seguida assignados por todos os membros da comissão iniciadora e pelos Ex.mos Snr: Manoel Constantino Borges, João da Costa Moraes, João Botelho Borges de Sampaio, Benedicto Gonçalves Fernandes, Luiz José Claro da Fonseca, Manuel António de Carvalho, António Correia d´Almeida Lucena, Manuel António Teixeira, António Rodrigues d´Almeida, António Pedro Félix, Manuel Pereira, José dos Santos Alves Carneiro, Victorino da Costa António Dias da Rocha, Manoel Teixeira d´Aguiar, Manoel Monteiro, Manoel de Jesus d´Almeida, Serafim Taveira, digo, Serafim Taboada, António Ferreira Vianna, Avelino Arlindo da Silva Patena, António da Costa e Silva Tojeira e Joaquim Alves Ribeiro. O Snr Presidente apresentou o plano de uniformes que também foi plenamente approvado, disse que brevemente enviaria os estatutos para as autoridades competentes pedindo approvação d´elles pelas mesmas autoridades, egualmente propôz a approvação da assembleia as contas de receita e despeza do sarau literário musical que teve logar no dia 10 de Abril próximo passado, sendo as mesmas contas approvadas sem discução. Em seguida o Secretário da comissão propôz fosse lançado na acta da sessão um voto de louvor e profundo reconhecimento ao Snr. Presidente a quem sem a mínima dúvida se deve a organização do corpo de Bombeiros Voluntários, e ao Snr. Presidente da Câmara Municipal Avelino Arlindo da Silva Patena, pelo muito que tem auxiliado a comissão iniciadora na realisação de tão difícil emprehendimento. Foi approvado. Não havendo mais do que tratar o Snr. Presidente encerrou a sessão pedindo a todos os cavalheiros presentes não faltarem a nova sessão que deveria ter logar no dia quinze próximo e na qual se deveriam fazer as nomeações para os differentes cargos a desempenhar na corporação. De tudo se lavrou a presente acta que eu Jayme de Jesus Coelho, secretario da comissão iniciadora, subscrevi e vou assignar”.

O Presidente

O Secretário

Os Vogais


Os Estatutos

Estatutos da Fundação
01/12/1890


Nesta data, o Presidente desta Comissão apresentou uma proposta de estatutos, por ele elaborados, para o futuro corpo de Bombeiros Voluntários.

Os estatutos são aprovados em 1 de Dezembro de 1890 e estiveram em vigor durante 56 anos.

Em 26 de Dezembro de 1946 os estatutos foram reformulados por imposição legal. Estes estatutos vigoraram durante 54anos.

Em 22 de Maio de 2000 os estatutos foram reformulados para lhes conferir maior actualidade.

Recentemente, em 11 de Agosto de 2009, e por imposição legal, os estatutos foram novamente reformulados, no entanto, só alguns artigos foram alterados.


Os Fundadores

Placa dos Sócios Fundadores dos B. Voluntários de Vila Real


Avelino Arlindo da Silva Patena
António Gomes Nevoa
Jaime de Jesus Coelho
Narciso Alves Ribeiro Machado
Manuel José de Morais Serrão
Manuel Teixeira de Aguiar
Guilhermino Vieira da Silva Mateus Santos
António Correia de Almeida Lucena
António Joaquim dos Santos
Narciso Mendes Pereira
Manuel Rodrigues Romoaldo
Joaquim Bernardo Ferreira
Joaquim Alves Ribeiro
João Dias da Rocha
Domingos Ferreira
Albano A. Serafim
Domingos Varandas de Carvalho
António da Costa Campos
Rodrigo Henrique Mourão
António G. da Silva Samardã
António Aires
António da Silva Oliveira
Manuel José Nogueira
Manuel de Jesus Almeida
Francisco Lopes dos Santos
Manuel António de Carvalho
Benedito Gonçalves Fernandes
João Botelho Borges de Sampaio
António Rodrigues de Almeida
Manuel Constantino Borges
Rangel Aquiles Sampaio
Joaquim Manuel
José Inácio Botelho
Serafim Taboada
Manuel M. de Carvalho
Vitorino da Costa
Manuel António Teixeira



O Fundador Avelino Patena

Avelino Arlindo da Silva Patena:
Nasceu em 3 de Dezembro de 1865. Filho de Custódio José Inácio, (o Patena) e de Maria do Carmo Cândida dos Santos e Silva. Natural de Cepelos, Amarante. Presidente de Câmara, negociante e herdeiro. Aos 25 anos foi  Fundador  e Comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Real.

Um dos mais ilustres fundadores e 1º Comandante desta Associação, Avelino Patena será para sempre reconhecido como principal impulsionador da Associação, tendo adquirido todo o material de incêndios e respectivo fardamento.

“A fundação desta benemérita colectividade deve-se a Avelino Arlindo da Silva Patena, que foi ajudado por um núcleo de 80 rapazes que foram com Patena os sócios fundadores da Associção. Os seus dois carros, bomba «Jauck» e de ferramentas, foi material comprado por Avelino Patena, na casa «Guilherme Fernandes», do Porto, na data em que o mesmo benemérito fez a encomenda dos fardamentos, feitos na célebre alfaiataria «Amieira».”

Todas estas despesas avultadíssimas foram pagas por Avelino Patena, adiantadamente, ficando resolvido pagar-lhe, metade pelo cofre da Câmara, e o restante por subscrição pública. Afinal, nunca recebeu um ceitil, sabendo-se também que a Corporação lhe absorveu muito mais dinheiro, que de igual forma perdeu.

Em Novembro de 1889, concorre pelo Partido Progressista à Câmara Municipal e torna-se Presidente da Câmara, por eleição dos seus pares, em Janeiro de 1890.

Exerce a presidência durante apenas 16 meses.

Funda a Corporação de Bombeiros Voluntários de Vila Real.

A sua acção na fundação dos Bombeiros Voluntários aproximou-o dos republicanos, dado que os seus órgãos sociais eram constituídos maioritariamente por personalidades desta área política.

A Câmara Municipal é dissolvida em 12 de Maio de 1891.

Placa de homenagem na Rua Avelino Patena

Placa de homenagem na Rua Avelino Patena

Avelino Patena gasta uma boa parte da sua fortuna com a aquisição de equipamento para os Bombeiros Voluntários.

Em 1894, com 28 anos de idade, emigra para a ilha de São Tomé.

Regressa a Vila Real em 1900 e participa nas celebrações do 10°.aniversário da fundação dos Bombeiros Voluntários.

Em 1932, quando a Câmara de então, presidida pelo Dr. Júlio António Teixeira, delibera dar o nome de Avelino Patena à que então se chamava Travessa 31 de Janeiro e fora anteriormente Travessa de São Paulo, onde morou.

Em 1 de Janeiro de 1941, no 50° aniversário da fundação da Corporação de Bombeiros Voluntários de Vila Real, é colocada uma placa evocativa na sua casa.

Nomeação do Comando e Graduados em 15 de Maio de 1890

 

Livro de Actas das Sessões do Corpo de Bombeiros Voluntários
Acta nº2

“Em quinze de Maio de mil oitocentos e noventa, pelas quatro horas da tarde achando-se reunidos na sala destinada provisoriamente, para as sessões do Corpo de Bombeiros Voluntários, os indivíduos que constituem o mesmo corpo, o Snr. Presidente da Comissão iniciadora António Gomes Névoa convidou a presidir a sessão o ex.mo Snr Avelino Arlindo da Silva Patena o qual tomando a presidência nomeou para seus secretários o Snr. Narciso Alves Ribeiro Machado e Jayme de Jesus Coelho, em seguida declarou aberta a sessão dando para ordem do dia a nomeação dos differentes cargos da corporação. Feita a chamada verificou-se estarem na salla os vinte e dois indivíduos que abaixo se seguem assignados, e sendo concedida a palavra ao secretario Jayme Coelho propôz a nomeação do Snr. Avelino Arlindo da Silva Patena para o cargo de 1º Comandante e a do Snr. António Gomes Névoa para 2ºComandante, ficando este Snr. Investido do cargo de 1º Comandante Interino, visto o Snr. Patena, em virtude de se achar presidindo a Câmara Municipal do Concelho, se recusar a exercer o cargo para que era proposto, na presente ocasião. Esta proposta foi approvada por aclamação. O Snr 1º Comandante agradecendo à assembleia o modo como tinha sido acolhido a sua nomeação, leu a proposta mandada para a meza pelo Snr. 2º Comandante A.Nevoa sendo esta proposta approvada, ficaram nomeados para os differentes cargos os seguintes sócios activos. 1º Ajudante do corpo e secretario do comandante = Jayme de Jesus Coelho; 2ºdito = Guilhermino Vieira da Silva. 1º Chefe de secção (Bomba) digo 1º Chefe de Divisão = Narciso Alves Ribeiro Machado, = 2ºdito António da Costa e Silva Tojeira = 1º Ajudante de secção = António Pedro Feliz; 2º dito = Manoel Teixeira d´Aguiar = 1ºChefe de secção (Bomba) Manoel José de Moraes = 2º dito (agua e mangueiras) Domingos José Ferreira de Macedo = 3º dito (escadas e salvados)Manoel António de carvalho. 4º dito (cortes, arrombamentos e desmoronamentos) António Rodrigues Romoaldo = Ajudante da 2ª secção = manoel Constantino Borges = dito da 3ª João da Costa Moraes = 1º agulheta = Luiz José Claro da Fonseca, 2º dito = António das Dores Beltrão; Ajudante do 1º Agulheta = João Botelho Borges de Sampaio, dito do 2º dito António Coreia d´Almeida Lucena. 1º Chefe a secção de ambulância = José Ignacio Botelho = 1º Chefe a secção de musica Manoel António Teixeira, Architecto = António Gomes Névoa. O Snr. Narciso propôz que a corporação tivesse uma bandeira e que para o cargo de Porta-Bandeira fosse nomeado o sócio Snr. António Ferreira Viana foi posta á votação e approvado este ilustre. Como propôz o Snr. Manoel Teixeira de´Aguiar, fica lançado na acta um voto de louvor ao sócio Snr, Manoel José de Moraes pela sua dedicação desinteresse e grande trabalho que com toda a boa vontade tem prestado á comissão iniciadora de que o mesmo cavalheiro fazia parte para a realização da ideia da mesma comissão. Foi plenamente aprovada a referida proposta. Egualmente e por proposta do Snr. Manoel António Teixeira fica lançado um voto de louvor e reconhecimento ás Damas e Cavalheiros que tomaram parte no sarau literário musical que em beneficio da corporação teve logar no dia 10 d´abril. Por proposta do 2º Secretário foi approvado egual voto ao Snr. Teixeira pelo modo como se houve nos trabalhos preparatórios d´aqulle sarau cujo brilho a elle se deve. O Snr. Presidente tomando a palavra lembrou a todos os sócios activos presentes a necessidade que há na obediência aos regulamentos da corporação, dizendo também que sem o respeito e concideração de cada um para com os seus superiores, taes agremiações não podiam existir, por isso pedia a todos que nunca deixassem de comparecer aos exercícios, formaturas e mais serviços que lhes fossem ordenados, respondendo à interrogação de um dos sócios sobre qual deveria ser o dia em que compareceriam fardados, disse que propunha a assembleia que esse dia fosse destinado ao bazar das prendas de que o Snr. 2º Comandante anda tratando. Foi aprovada a sua proposta. E não havendo mais do que tratar o Snr. Presidente encerrou a sessão de que se lavrou a presente acta que eu Jayme de Jesus Coelho, 2º secretário da assembleia subscrevi e vou assignar. Vila Real 15 de Maio de 1890″.

 

3ª Secção - 1 de Maio de 1902

3ª Secção – 1 de Maio de 1902

Cargo Nome
1º Comandante  Avelino Arlindo da Silva Patena
2º Comandante António Gomes Névoa (eng.º)
1º Ajudante do corpo e secretário do Comandante Jayme de Jesus Coelho (prof.)
2º Ajudante do corpo Guilhermino Vieira da Silva
1º Chefe de Divisão, Porta-Bandeira António Ferreira Viana
1º Chefe de Divisão Narciso Alves Ribeiro Machado
2º Chefe de Divisão António da Costa e Silva Tojeira
1º Ajudante de secção António Pedro Feliz
2º Ajudante de secção Manoel Teixeira d´Aguiar
1º Chefe de secção (Bomba) Manoel José de Moraes
2º Chefe de secção (água e mangueiras) Domingos José Ferreira de Macedo
3º Chefe de secção (escadas e salvados) Manoel António de Carvalho.
4º Chefe de secção António Rodrigues Romoaldo
Ajudante da 2ª secção Manoel Constantino Borges
Ajudante da 3ªsecção João da Costa Moraes
1º Agulheta Luiz José Claro da Fonseca
2º Agulheta António das Dores Beltrão
Ajudante do 1º Agulheta João Botelho Borges de Sampaio
Ajudante do 2º Agulheta António Coreia d´Almeida Lucena
1º Chefe da secção de ambulância José Ignacio Botelho
1º Chefe da secção de música Manoel António Teixeira
Architecto António Gomes Névoa

 

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